O PONTO MAIS ALTO DA ESSENCIALIDADE: TRANSPORTE PÚBLICO

Frota de ônibus novos. (Foto: Secom Maceió)

Por Matheus Silvino, Maykon Felipe e Maria Clara Macedo

O transporte coletivo é um serviço que garante o acesso a todos que precisam se movimentar dentro de uma cidade e segue um planejamento urbanístico e de trânsito desenvolvido para isso.

É ele que assegura ao cidadão o desempenho satisfatório de obrigações e funções sociais, reforçando assim a qualidade de vida no ambiente da cidade. Além disso, o transporte urbano caracteriza-se como um serviço pluralizado, já que há necessidade de garantir mobilidade urbana para todas as categorias.

Sobretudo no momento atual em que vivemos uma crise sanitária devido ao vírus da COVID-19, exigindo uma atenção redobrada e cuidados especiais a todos os usuários do transporte coletivo.

Há diferentes públicos para quem o transporte coletivo é um serviço essencial, dentre esses públicos destacam-se os deficientes físicos e visuais que ultimamente vem ganhando mais atenção dos órgãos municipais, inclusive na questão da mobilidade.

Segundo dados da SMTT, desde 2016, todos os ônibus já saem de fábrica com os espaços adequados a acessibilidade, tendo como reflexo disso a implantação de quase 100% da frota adaptada (SINTURB, Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Maceió).

A intenção é não só garantir o conforto do deficiente físico, mas também o direito à igualdade de oportunidades de uso e acesso a cidade. Sendo esses assegurados pelo artigo 46 da lei de n° 13.146 de 06 de julho de 2015, que:

O direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, por meio de identificação e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso.

Embora seja uma lei muito recente, após a sua publicação, todos os órgãos relacionados com o transporte público em Maceió estão se esforçando constantemente para que os usuários cadeirantes possam desfrutar daquilo que é seu pleno direito.

Cadeirante usando o transporte público. (Foto: Reprodução)

Segundo Marcos José Martins de Oliveira, presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (ADEFAL), “pelo menos 70% dentre os associados, dependem desse meio para se deslocar. É de extrema importância a existência da inclusão dentro dos transportes públicos, e essa se dá por diversas formas, como: a garantia de frotas de ônibus com acessibilidade, concessão de gratuidade nos coletivos, mas principalmente como funcionários treinados e sensíveis as dificuldades de acesso”.

Pensando nisso, as empresas que compõem o sistema rodoviário entraram em uma parceria com o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SEST/SENAT) para oferecer diversos cursos em qualificação e reciclagem com o intuito de que os seus trabalhadores possam atender os usuários cadeirantes. Tendo especialmente em um desses cursos, simulações com deficientes físicos e visuais ao lado dos ônibus, representando as situações que os cadeirantes enfrentam diariamente.

No entanto, a acessibilidade dos ônibus não anula outras necessidades, hoje mais entrave do que os transportes, é a falta de acessibilidade nos pontos de ônibus. Esses problemas vão de calçadas inclinadas até a escassez de rampas para que pessoas com limitações físicas possam se locomover nos espaços urbanos. Essa problemática reflete a falta de interesse dos órgãos municipais no tocante a infraestrutura da cidade.

Entrando em conflito com o que o especialista em mobilidade urbana, Antônio Facchinetti, afirma sobre a infraestrutura em Maceió: “Nós andamos na contramão da mobilidade urbana, tendo em vista que o deslocamento para todo e qualquer cidadão é dificultado pela precarização da infraestrutura”.

Ladeira na Rua Doutor Ambrósio Lyra, Farol. (Foto: Wilma Andrade/Ascom Seminfra)

Para garantir a eficiência dos coletivos, faz-se necessário o desenvolvimento de uma ação conjunta com os órgãos que regulamentam os pontos cruciais para que haja uma melhora, tanto na infraestrutura como também na acessibilidade.

A falta de investimento impede de certa forma a construção de novas alternativas que garantiriam a eficiência do tráfego urbano, para termos noção, Maceió é uma metrópole que teve um crescimento rápido e isso fez com que a demanda do sistema operacional do transporte público crescesse de forma descomunal, provocando assim, o sufocamento das vias urbanas. De acordo com o assessor de comunicação do Sinturb, Bruno Félix, “é necessário o investimento na infraestrutura da mobilidade urbana, como a implantação do BRT, a ampliação das faixas exclusivas (faixa azul), havendo a otimização da rede de transporte atual, aumentando assim, a frequência de circulação dos ônibus”, afirma.

Com essas medidas o transporte público tende a atingir um patamar de consolidação dentro da sociedade a ponto de poder atender todas as necessidades que os usuários precisam para poder se locomover com todo o conforto e a certeza de que no seu trajeto não irá encontrar surpresas.

O transporte público é o ponto mais essencial da sociedade e devemos valorizar os esforços das pessoas que fazem o serviço funcionar mesmo com todas as carências que o setor possui.

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